Abrindo a conferência Gary Taubes, um ex-físico de Harvard que escreveu A dieta de um delírio, no qual ele argumentou que são os carboidratos refinados os responsáveis pelas doenças cardíacas, diabetes, obesidade, câncer e muitas outras das nossas doenças ocidentais. O livro causou polêmica quando foi lançado há sete anos, mas sua mensagem está finalmente ganhando força. E a mensagem é esta: a obesidade não é sobre quantas calorias que comemos, mas o que nós comemos. Os carboidratos refinados abastecem a produção excedente de insulina, que por sua vez promove o armazenamento de gordura. Em outras palavras: as calorias provenientes da gordura por si só, não são o problema.
É uma mensagem sólida que foi reforçada vez ou outra na conferência. Veja o médico de família sueco Dr. Andreas Eenfeldt, que dirige o blog de saúde mais popular do país o “Diet Doctor“. Em seu país de origem, os estudos mostram que até vinte e três por cento da população estão aderindo uma dieta de baixo carboidrato, com alto teor de gordura. Uma bomba-relógio você pode pensar – mas ao contrário das expectativas, enquanto as taxas de obesidade estão subindo em qualquer outro lugar, eles já estão começando a mostrar um declínio por lá.
Mais pesquisas sobre essa correlação ainda estão por serem feitas – mas, entretanto, o Conselho Sueco de Tecnologia da Saúde deixou sua posição clara. Após uma revisão de dois anos envolvendo dezesseis cientistas, concluiu que uma dieta baixa em carboidratos, com alto teor de gordura, pode não só ser o melhor para a perda de peso, mas também para reduzir vários marcadores de risco cardiovascular em obesos. Em suma, como o Dr Eenfeldt disse na conferência: ‘Você não engorda por comer alimentos gordurosos, assim como você não fica verde por comer vegetais verdes’.
Isto é claro, é uma mensagem difícil de engolir para muitos, particularmente para os pacientes cardíacos, a maioria dos quais passou anos perseguindo uma dieta com baixo teor de gordura, baixa em colesterol, como sendo a melhor maneira de preservar a saúde do coração.
É uma mensagem de saúde pública que foi promovida pela primeira vez na década de sessenta, após o estudo Framingham Heart, respeitado globalmente que consagrou o colesterol elevado como sendo um importante fator de risco para a doença cardíaca. É a pedra fundamental das mensagens governamentais e de saúde pública – mas o que as pessoas não sabiam era que o estudo também levantou algumas estatísticas mais complexas como esta aqui: para cada 1 mg / dl por ano de queda nos níveis de colesterol em pessoas que participaram do estudo, houve um aumento de 14% na mortalidade cardiovascular e um aumento de 11% na mortalidade nos 18 anos seguintes, para aqueles com idade superior a 50 anos.
Esta não é a única estatística que não se assenta com a mensagem predominante anti-colesterol: em 2013, um grupo de acadêmicos estudou dados não publicados anteriormente de um estudo seminal feito no início dos anos setenta, conhecido como o estudo da Dieta do Coração de Sydney. Eles descobriram que os pacientes cardíacos que substituíram a manteiga pela margarina tiveram um aumento da mortalidade, apesar de uma redução de 13% no colesterol total. E o estudo do Coração de Honolulu, publicado no Lancet em 2001 concluiu que, em pessoas com mais de sessenta anos, um colesterol total elevado está inversamente associado com o risco de morte. Surpreendente, não é? Um colesterol mais baixo não é em si a marca de sucesso, ele só funciona em paralelo com outros marcadores importantes, como a diminuição da tamanho da cintura e a redução dos marcadores sanguíneos para diabetes.
Por outro lado, uma quantidade crescente de evidências sugere que, longe de contribuir para os problemas cardíacos, ter laticínios integrais em sua dieta pode realmente protegê-lo das doenças cardíacas e diabetes tipo 2. O que a maioria das pessoas não consegue entender é que, quando se trata de dieta, os polifenóis e ácidos graxos ômega 3 abundantes no azeite extra-virgem de oliva, nozes, peixes gordos e os vegetais são os que ajudam a reduzir rapidamente a trombose e a inflamação independente das alterações no colesterol. No entanto, os produtos lácteos integrais continuam sendo demonizados – até agora.
Em 2014, dois estudos do Cambridge Medical Research Council concluíram que as gorduras saturadas na corrente sanguínea provenientes de produtos lácteos foram inversamente associadas com diabetes tipo 2 e doenças cardíacas. O que significa que em quantidades moderadas – ninguém aqui está falando para devorar uma tábua de queijos em uma sentada – o queijo é realmente um proponente de boa saúde e longevidade. O mesmo estudo, incidentalmente, constatou que o consumo de amido, açúcar e álcool estimula a produção de ácidos graxos pelo fígado que se correlacionam com um aumento do risco para estas doenças mortais.
É em relação ao diabetes tipo 2, de fato, que a mensagem pró-carboidrato anti-gordura das últimas décadas tem feito alguns dos maiores danos. Um grande número de pacientes que sofrem de diabetes tipo 2 – o tipo mais comum – estão trabalhando sob o perigoso equívoco que uma dieta com baixo teor de gordura, rica em carboidratos dos amidos vai ajudar os seus medicamentos de forma mais eficaz. Eles não poderia estar mais errados. No início deste ano, uma revisão crítica na respeitada revista Nutrition concluiu que a restrição dos carboidratos na dieta é uma das intervenções mais eficazes para reduzir as características da síndrome metabólica.
Seria melhor mudar o nome do diabetes tipo 2 para “doença da intolerância aos carboidratos”. Tente dizer isso ao público então. Como o homem que ligou para um programa de uma rádio nacional em Cape Town no qual eu estava fazendo parte para discutir a relação entre a dieta e doenças cardíacas. Diagnosticado com diabetes tipo 2, ele estava sob a impressão de que deveria consumir açúcar para que seus medicamentos para diabetes pudessem ‘funcionar’ – quando na verdade ele estava piorando seus sintomas. E quantos médicos e pacientes sabem que, apesar de alguns destes medicamentos para controlar o açúcar no sangue possam marginalmente reduzir o risco de desenvolver doença renal, doença ocular e neuropatia, eles realmente não têm qualquer impacto sobre os riscos de ataque cardíaco, AVC ou reduzir as taxas de mortalidade ? Por outro lado a perigosa redução do açúcar no sangue pelo excesso de medicamentos para diabetes, tem sido responsável por cerca de 100.000 atendimentos de emergência por ano nos Estados Unidos.
Mas quem pode culpar o público por tais percepções equivocadas? Na minha opinião, uma tempestade perfeita de financiamento de pesquisas tendenciosas, reportagens tendenciosas na mídia e conflitos de interesse comerciais têm contribuído para uma epidemia de médicos mal informados e pacientes mal informados. O resultado é uma nação de sobre medicados viciados em açúcar que estão comendo e se entupindo de pílulas desta maneira para anos de sofrimento com doenças debilitantes crônicas e uma morte prematura.
É por isso que, hoje em dia, eu raramente toco no pão, me livrei de todos os açúcares adicionados e adotei a gordura como parte da minha dieta inspirada numa variedade mediterrânica. Sinto-me melhor, tenho mais energia e – embora eu não tivesse a intenção de fazê-lo – eu perdi o pneu adiposo em torno da minha cintura, apesar de reduzir o tempo que eu gasto com atividades físicas.
Talvez você não consiga fazer todas essas mudanças de uma só vez. Nesse caso, se você fizer só uma coisa, faça isto: da próxima vez que você for no supermercado e ficar tentado a pegar um pote de margarina com baixo teor de gordura (light), compre um pote de manteiga ou, melhor ainda, uma garrafa de azeite extra virgem. Seu coração vai agradecer por isso. O pai da medicina moderna Hipócrates disse uma vez, “Deixe o alimento ser o seu remédio e o seu remédio ser o teu alimento”. E agora nós deixamos a “gordura” ser o nosso remédio.
Sugestões de livros sobre a Dieta Paleo – Low Carb? Veja aqui
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